O Sporting é irracional. Tem um processo diferente da razão. Viva o sonho...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Uma chuva de reservas.



Apanhava o autocarro nº 7 na Praça do Chile. Autocarros verdes, com dois andares, a entrada pela traseira, um varão irresistível para nos pendurarmos. Ali, na Praça do Chile, nos juntávamos uns quantos para ir até à escola Eugénio dos Santos. O ciclo preparatório. Entrei ali ainda com 9 anos. Usámos uma jardineira do tecido dos fatos-macacos. O número e o nome bordado à frente pelas nossas Mães. Íamos sozinhos. Nem sempre nos portávamos bem.
Ao sábado era o dia da “bufa”, (a chamada mocidade portuguesa de má memória). A tal que desfilava no 1º de Dezembro pela Avenida da Liberdade, (que não havia), até aos Restauradores.
Tínhamos uma farda: Camisa verde, calções e bivaque castanhos, meias beges. Um horror. Havia chefes de quina, (mais conhecidos por chefes de esquina), comandantes de castelo e outras bizarrias. Nunca passei de soldado raso. Uma honra.
Como não gramava aquilo tínhamos um grupo que se costumava baldar e ir até ao Estádio de Alvalade, a pé, sempre a pé.
Houve um Sábado em que havia um jogo de reservas. Havia, nesse tempo, um campeonato de reservas. Já não me lembro com quem jogava o Sporting. Lembro-me de um jogador. O Monteiro marcou um golo. Disso lembro-me. Começou a chover. O jogo era no pelado que ficava em frente à bancada central do Estádio. Não havia sítio onde nos resguardarmos. Não havia chapéus-de-chuva e queríamos ver o jogo. Ali ficámos até ao fim. Encharcados regressámos a casa. (A constipação a espreitar). Outra vez o 7. Quando cheguei a casa e despi a camisa da “bufa” vi que a camisola interior estava verde. Agora tinha também uma camisola interior da “bufa”. A recepção em casa não foi muito agradável e quando a minha Mãe viu a roupa a coisa azedou. Tenho impressão que o verde da “bufa”, que se desprendeu da camisa foi um sinal. Não era da “bufa”. Era o verde do Sporting que além da camisola interior também me tingiu o coração. Até hoje. Como um fado.

Jorge Carvalho Ferreira
 -Cavaleiro Apocalíptico honoris causa, distinto sócio do Sporting Clube de Portugal, bastião moral e inspirador do sportinguismo na sua variante apocalíptico-poética, grão-mestre do sofrimento atroz e da bizarria leonina, estimadíssimo pai-

domingo, 14 de outubro de 2012

TELEFONEMA PARA O FUTURO.



Tinha de ser assim:
-Pep, estou a ligar de Portugal...
-Sim....- diz Pep enfadado.
-Estou a ligar do Sporting de Portugal...
-AH! - exclama Pep, enquanto se senta respeitosamente. Um sorriso nervoso de antecipação desenha-se na cara. 
-Sabes porque te estou a ligar?
-Acho que sim - diz Pep em português, para agradar.
-Só te vou dizer isto, melhor escola do mundo, projecto a 7 anos para ganhar a champions só com atletas da formação, o teu ordenado pago pela Unicef, pelo simbolismo de todo o projecto e pelo alcance das escolas do Sporting pelo mundo. Queres ser melhor que o Mourinho? Tens de começar por aqui, como ele. Ganhas aqui e és o maior de sempre.
-... - Pep engole em seco. Comove-se.
-Pep?... Pep?... Não dizes nada?
-Sí....
-Não te estamos a convidar para vir treinar. Estamos a convidar-te para vir fazer história.
- Hombre, me tenias desde que me dices Sporting Portugal.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Ensaio Freudiano.



Pode esta referência a Freud ser interpretada de muitas maneiras quando pensamos neste momento do Sporting. A importância do trabalho psicológico na equipa, aperta com eles Sá Pinto, a viagem esquizofrénica que tem sido esta época ou até com o facto de sermos, claramente, um clube de divã. Mas não. Não é essa a razão da referência ao estimado Prof. Sigmund. 
É de sexo que quero falar. 
Se tomarmos como orgasmos as vitórias e conquistas de um clube que se ame, nessa relação libido-carnal e, no nosso caso senhores há que reconhecê-lo, masoquista, que mantemos com os nossos clubes então podemos daí inferir o seu carácter. Senão vejamos, tomando como premissa esta época de futebol, como passámos por vários momentos de índole sexual com o Sporting. No principio da temporada a fase do engate. Caras e roupa nova. Promessa. Antecipação. Enfim a gaja a meter-se connosco como se fosse a primeira vez que nos vê. Depois, nos primeiros encontros nota-se ali uma timidez, desculpam-se umas trapalhadas pelos nervos e tal. Que ainda se conhecem mal, que estão a ganhar forma e coiso. E os gajos a enterrar o pastel. Perdemos um bocado a tusa mas, como cavaleiros, persistimos. De repente ganhamos. Continuamos a ganhar. Estamos praticamente de pau feito outra vez. Rijos e confiantes. Vamos à Etar, essa ex-namorada porca e rancorosa, com que nos cruzamos vezes sem conta e faz sempre uma peixeirada qualquer. Vamos para o Jackpot. Comer esta gaja boa que se farta de ganhar e obrigar a puta de Carnide  a assistir de primeira fila. Coiso e tal, de lança erguida e foda-se que tocou o alarme de incêndio e tem tudo que sair da lixeira, que, note-se, estava mesmo a arder, por acaso. O tempo tem estado seco, tramado para os incêndios. Resultado, não se ganhou, não se fodeu. Perde-se muita tesão. Mas mesmo muita. Quando damos por nós a gaja boa de há um bocado está muita parecida com aquela outra muito, muito esquisita que andámos a comer a época passada. Essa, a dos touros. Estávamos muito bêbados quando engatámos o Paulo Sérgio. De repente, sem ninguém esperar. Quase ninguém pois um certo oráculo que se diz ciranda pela bancada A22, fila 25, lugar 37 do grandioso templo de Alvalade, já o tinha previsto há muito. De repente manda-se a "madame" do bordel embora e vem logo outra, que por ali andava a ensinar as mais novas. Epá o que é isto? e outras exaltações que quase nos fazem esquecer a foda. Mas a "madame" nova afinal tem truques e conhece os cantos à casa. Sabe falar com as meninas, ainda há pouco era uma também. E a gaja toda enleante, como já achávamos impossível que fosse. Começa a ganhar outra vez. E começa a ganhar cada vez mais perto de algo grandioso. E como se esforça agora. O nosso espanto dura muito menos que tudo o resto e lá vem de novo a tesão a ribombar por aí a cima. Agora é quase impossível parar. Finais marcadas. Orgasmos previstos. Mas calma ainda não é tempo. Uma coisa é certa, já não estávamos com um pau destes há uns tempos largos. Há que gozar esta parte antes da foda da grossa, lá para Bucareste ou no Jamor se fôr mais barato. Bom era dar duas sem tirar. Se verá. O truque é gozar o broche e não pensar no que vem a seguir. Como quem diz que meias-finais há muitas mas com o enorme em campo nem por isso. Há que apreciar, por isso, o bom bico que está a ser. 
Voltando ao inicio. Aos orgasmos que são as vitórias e conquistas dos clubes. Quero dizer que então, se pensarmos na relação do Sporting com as vitórias e conquistas percebemos que se pratica no nosso clube o, iluminado e ancestral, sexo tântrico. O melhor, dizem. As nossas esporádicas conquistas tornam inúmeras épocas de futebol em sofisticadíssimas práticas tântricas. Que resultam em orgasmos absolutamente transcendentes. A acumular vontades anos a fio e depois explodir nuclearmente.
Nesta perspectiva e afirmando desta forma e mais uma vez o Sporting como um clube único. Percebemos que o Porco terá como desvio sexual a ninfomania. Ávido predador de vitórias. De tantos e tão frequentes orgasmos seguidos. Muitos com a batota do Viagra ( o pintinho é um embaixador da marca ) ou dos árbitros ou dos dois. Consome sexo á bruta e com ressentimentos. Fez um operação plástica e agora come gajas em serie para se vingar de quando era feio e ninguém lhe ligava. Como tal os orgasmos deste animal são pouco intensos e ele começa a não se lembrar do bom que é foder. Que se fodam. 
Já a porca de carnide, o chulo é o Eusébio, está na cara. Ejaculador precoce e gabarolas sexual. Óbvio. Acha sempre que tudo lhe é devido porque quando era novo, noutro tempo, noutro país, comeu muita gaja, espanholas e tudo. Por isso vê-se ao espelho e não consegue ver que mudou. Continua a ver-se lindo e garboso, como nunca foi. Por isso não se esforça. Acha que não precisa. E acha sempre que vai sacar a foda porque sim, mais cedo ou mais tarde. Então antecipa os orgasmos. Ah e tal, aquela gaja é certinho. Faço-lhe e acontenço-lhe como fiz à outra e tal nos anos 60, quando tinha pila de preto a trabalhar por mim. Entretido nestes pensamentos, que verbaliza para quem queira ouvir, e depois de uma mirada rápida no espelho fica cheio de tesão por si próprio e quando dá por isso veio-se nas cuecas. Sem prazer, só com uma grande cabeça inchada. Ou duas. É fodido. Continua a gabar-se sempre mas, vai ver-se e tem fodido menos que nós.
Daqui se prova, embora seja desnecessário, a superioridade também no campo sexual do nosso grande e único clube.
Assim se resume uma época, esta. Assim se interrompe um silêncio no blog que durou uma época,esta. Assim se explica, como quis fazer desde o inicio, a referência ao Prof. Freud. Assim acaba o ensaio.